terça-feira, 1 de abril de 2014

| Iris de Guimarães |

18 de março de 2014


Sobras




No meio da noite ela chega em casa. Os cadernos embaixo do braço, o casaco branco abrindo caminho no escuro do corredor. Ela senta-se na cama onde cabiam os dois, tão estreitados, no largo colchão. Olha o espaço que já não é dele, o espelho vazio dele... E ela sente que não há espaço para todas as sobras. Que o cheiro começa a se ausentar das roupas deixadas, que certa lembrança se perdeu porque só ele sabia onde a havia guardado. Percebe que o relógio de pulso que era dele parou e parou tão cedo.



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