terça-feira, 27 de maio de 2014

| Iris de Guimarães |

13 de maio de 2014







Quando eu virava a esquina e entrava na tua rua, reconhecia sob os meus pés o barro que sujava os teus sapatos, cumprimentava cada pedra e flor que todos os dias assistiam tuas idas e vindas, ouvindo mesmo que ainda de longe o som das tuas chaves, que abririam para mim o cadeado do portão. Mas você se foi há muitos dias e levou contigo o barro de tuas pegadas, e as pedras e as flores não têm mais o que dizer.

Hoje caminhei por tua rua, desafiando os olhares que me viam sem você, aparando nos meus olhos a poeira de tudo que você deixou, até apertar o corpo contra as barras de ferro do portão da tua casa, como um pássaro que fez um ninho dentro da gaiola de onde foi liberto e agora quer, livremente, entrar.