terça-feira, 5 de agosto de 2014

| Iris de Guimarães |

22 de julho de 2014




Da minha janela






O canto de um grilo preso em minha solidão dentro de casa me acordou nessa noite sem sonhos. Meus olhos se abriram e continuaram cheios de escuro na noite do quarto. Levantei-me, acordando os pés a cada passo no chão frio e puxei a cortina que cobria a luz que atravessava o vidro da janela. Lá fora, na rua, a luz do poste vacilava, um pouco embaçada por uma mancha no vidro. Apertei os olhos confusos de sono para distinguir a forma da paisagem lá fora, através daquela mancha. 

Olhei de perto aquela mancha no vidro e então percebi que, desatento, ele tinha deixado sem querer os seus lábios tocarem no vidro de minha janela. Que importava a paisagem lá fora? Minha paisagem era a mancha de sua boca no vidro de minha janela.  



voltar