terça-feira, 19 de agosto de 2014

| Iris de Guimarães |

05 de agosto de 2014







Chegada




Ela está deitada na noite do seu quarto, à espera.  Ouve quando ele começa a subir o escuro da escada lá fora, o passo cada vez mais firme, mais sonoro, mais perto. Ela sabe pelo ruído das chaves, que ele está agora a reconhecer pelo tato, entre as outras chaves, a chave que vai abrir a fechadura e enfim, a noite. Ele entra, trocando o escuro do corredor pelo escuro da sala e, do quarto, ela sente na sua respiração apressada, que o ar que veio com ele vai se conciliando pouco a pouco com ar daquela casa. Ainda deitada, ela, ainda de olhos fechados, se entrega por inteira ao cheiro do corpo dele, aquele cheiro de saudade. 



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