terça-feira, 11 de novembro de 2014

| Iris de Guimarães |

28 de outubro de 2014









Ela contou, que do alto de sua varanda podia ouvir os passos dele assim que ele virava a esquina na madrugada vazia da rua. Que ela podia sentir pelo tom da claridade da noite, se ele vinha trazendo um sorriso ou se por amor, mesmo sorrindo, ele chegaria escondendo uma de suas tristezas. 


Ele sempre tentava esconder suas tristezas.  

 
Ela contou que ouvia, que via, que sentia todos os indícios da chegada dele em cada canto do corpo dela. Porque antes mesmo que ele chegasse em casa, ele já havia chegado, intuitivamente, em sua pele. A verdade, é que antes mesmo dele subir as escadas, abrir a porta da casa e entrar no abraço dela, ela sentia, como sempre, que ele nunca tinha saído daquela casa, que ele nunca havia deixado de estar nos braços dela.