terça-feira, 6 de janeiro de 2015

| Iris de Guimarães |

| 23 de dezembro de 2014 |




Ela encontrou por acaso, esquecida no fundo do guarda roupas, uma fotografia antiga deles dois, onde estavam um diante do outro, do olhar do outro. Ela sentou-se na beirada da cama, segurando aquele recorte do passado e, com facilidade recordou o que ela sentia quando via nos olhos dele, o que ele sentia por ela. Ela podia, através daquele retrato, sentir o que sentiam um pelo outro no mesmo instante que foram retratados.

E, por algum tempo ela ficou ali, sentada na beirada da cama, desejando atravessar o tempo e entrar dentro dos olhos dele mais uma vez. Ela desejava entrar no retrato e ser de novo, ela mesma, no tempo daquele retrato. Mas confortou-a pensar que aquela que ela foi, estava intacta, existindo em algum lugar do passado, e que ela estaria sempre ali naquela fotografia, sempre olhando e sempre sendo olhada por ele.