| 03 de março de 2015 |
Entardecíamos
Sob nossos pés molhados, a gravidade das pedras segurava a leveza dos nossos passos, e, quando parávamos para tocar o sorriso uma da outra com os olhos, o vento e o mar nos movimentavam.
Nos guiávamos pelo silêncio de nossa cumplicidade, pelas palavras de uma, guardadas na confiança da outra. Palavras que agora se calam tão alto.
Eu havia atravessado a noite para encher os meus olhos de mar e contemplar a nossa amizade.
Eu contava com a segurança da sua mão para me salvar de uma pedra lisa. Pouco a pouco, acostumavam-se nos meus pés as suas sandálias.
Sim, entardecíamos com o mar, salgando a barra dos nossos vestidos.
Entardecíamos.